HISTÓRIAS DA BANDA DR. VICENTE LOPES
Antonio Roberto Fernandes do Nascimento
maio 23, 2017
BANDA DE LUÍS GOMES
,
LUIS GOMES RN BANDA
,
LUIS GOMES RN MÚSICA DE QUALIDADE
A história da Banda de
Música Paroquial Dr. Vicente Fernandes Lopes tem sua origem a mais de cinco
décadas, em 1962, quando Padre Raimundo Osvaldo Rocha, pároco local, se
decidiu, convictamente, da necessidade de um grupo para abrilhantar e festejar
as solenidades religiosas da Paróquia de Santana.
Um ano antes, a primeira
professora dos alunos de música foi Dona Luzia Pascoal. Muito dedicados não
perdiam um ensaio sequer. Eis que logo sabiam tocar com desenvoltura, dobrados,
valsas e cânticos.
A banda de música foi
criada por iniciativa do Pe. Osvaldo, que conseguiu os instrumentos com o
médico e luís-gomense, Dr. Vicente Fernandes Lopes, à época, radicado em terras
cariocas.
Agora era uma questão de
tempo. Logo encontraram um homem capaz de comandar os trabalhos, de forma mais
direta, o maestro João Batista Ferreira, naquele tempo, cabo da polícia
militar. Depois foi feito o recrutamento de jovens para constituir um grupo
musical. Depois de seis meses de ensaio o conjunto foi inaugurado, de forma
oficial, no dia 06 de maio de 1962, com apresentações em frente à Igreja
Matriz, em seguida pelas ruas de Luís Gomes tocando o dobrado “Dois corações” e
o Hino de Senhora Santana, padroeira da terra.
Dali em diante a
orquestra ganhou notoriedade e tinha o apoio financeiro da paróquia.
Requisitada em todos os eventos importantes que se tem notícia. Sua presença
era garantia de momentos de saudosas reminiscências. Com a conquista de certa
proeminência surgiam convites para apresentações em festas religiosas em Alexandria,
Umarizal, Itaú, Apodi, São Miguel, Pau dos Ferros...
A visibilidade levou o
grupo a se afigurar em eventos em grandes cidades como Natal, Juazeiro do
Norte, Mossoró, Sousa, Cajazeiras, tamanho era o prestígio que conquistaram.
Nesse momento, o repertório não se restringia ao tema religioso. Tocavam em
festas juninas, carnavalescas, políticas e acontecimentos sociais.
Impossível não lembrar,
como algo preso à memória, da presença notável dos músicos e toda a
desenvoltura na formação e na execução das composições. Muitas foram às vezes
que a comunidade despertava com o som cândido e contundente dos artistas
serranos. As alvoradas na emancipação política e durante a festa de Santana,
dia das mães, os desfiles cívicos, os leilões de grande avultamento, a retreta nas praças.
A orquestra filarmônica
então tinha um repertório variado com acordes tradicionais e até bolero. Era a
apoteose festiva da cidade e da região.
A banda ainda lançou dois
CDs. O site Serra de Luís Gomes noticiou o fortúnio da seguinte maneira:
“Três anos depois do lançamento do 1° CD, a banda de música Dr. Vicente Lopes,
patrimônio imaterial do povo luís-gomense, lança na noite desta segunda-feira
(16.07.2012), no Cine Clube Tintim, a segunda edição de dobrados em áudio de
sua história”.
Desde sua inauguração até
2001 a banda era composta exclusivamente por homens. A partir desse ano, as mulheres ingressaram no egrégio para maior encanto e beleza.
Atualmente,
a Banda Dr. Vicente Lopes não tem recebido o mesmo prestígio de tempos
vindouros, mantendo-se quase que exclusivamente com a ação filantrópica dos
próprios membros e de alguns admiradores e mecenas. Da formação original restou
apenas José Crisóstomo. A primeira formação da Banda teve, segundo informações
de Padre Osvaldo, vinte e seis componentes. São eles:
Nº
|
NOME
|
INSTRUMENTO
|
01
|
Sebastião Benedito Ferreira
|
Contrabaixo
|
02
|
Miguel Vieira de Souza
|
Contrabaixo
|
03
|
José Paulino Sobrinho
|
Trombone
|
04
|
Raimundo Nonato da
Costa
|
Trombone
|
05
|
Luís Carlos de Oliveira
|
Piston
|
06
|
Francisco de Assis
Costa
|
Piston
|
07
|
Geraldo Gadelha
|
Piston
|
08
|
José Eugênio
|
Bombardino
|
09
|
João Zuza
|
Trompa
|
10
|
Pedro Zuza
|
Trompa
|
11
|
Antônio Limão Sobrinho
|
Trompa
|
12
|
José de Anchieta
Pinheiro
|
Trompa
|
13
|
Plínio Camilo
|
Trompa
|
14
|
José Crisóstomo
Germano
|
Clarineta
|
15
|
José Zito Gadelha
|
Clarineta
|
16
|
José Anísio do
Nascimento
|
Clarineta
|
17
|
Francisco Fulgêncio Matias
|
Clarineta
|
18
|
Pedro Eugênio
|
Requita
|
19
|
Raimundo Izidro
|
Sax alto
|
20
|
Miguel Solano Lopes
|
Sax
|
21
|
João Eugênio
|
Sax tenor
|
22
|
José Vieira Sobrinho
|
Bombo
|
23
|
Leonardo Ferreira dos Santos
|
Surdo
|
24
|
Antonio Vieira
Moreno
|
Tarol
|
25
|
Pedro Alves Bezerra
|
Pratos
|
26
|
João Batista
Ferreira
|
Maestro
|
Uma galera unida e com boas crônicas. No ano de 1973,
a Banda de Música foi convidada a participar de um grande Festival em Natal/RN,
na época, chamado Encontro de Bandas, chegando a ganhar, inclusive, o primeiro
lugar no concurso. Faziam parte do grupo os chamados veteranos, muitos deles
conhecidos pelos apelidos: Pedro Bernardino, Assizão, Miguel Cupira, Raimundo,
Antonio de Anízio, Zé Peruca, Bolinha, Zé Crisóstomo, entre outros.
Mas um fato curioso
notabilizou-se! O integrante Pedro Bernardino antes da apresentação,
inesperadamente, perdeu os instrumentos, ou melhor, esqueceu em Luís Gomes. Sem
os pratos para participar, mesmo assim não queria ficar de fora de jeito
nenhum, naquele evento vultoso e tão aguardado por todos.
Então, o maestro Batista
teve que encontrar uma solução. Matutou e raciocinou dizendo: “Pedro, você vai
ficar ao fundo só fazendo no gestual, assim como quem estivesse tocando”.
Concordou. E lá foi Pedro, só no gestual, no vaivém das mãos. Ao encerrar a
apresentação, o julgador achou curioso o fato e comentou: “Até hoje eu nunca vi
uma banda com dois maestros!”. Nem precisa dizer da ‘mangofa’ que fizeram com
Pedro depois da performance.
Doutra feita, em período carnavalesco, Antonio Linhares era quem comandava a banda e Pedro se queixava: “Antonio, você não me leva uma vez para tocar com vocês em Juazeiro do Norte!”. “Pedro, tu num tá vendo que bater prato (instrumento) no carnaval não tem condições!” “Mas homem, me leve, me leve!”. Antonio foi vencido pela insistência.
À primeira noite tocaram
muito bem, uma beleza. Na segunda noite, uma maravilha. Agora na terceira,
depois da maratona, já alta madrugada, os músicos começaram a sentir a falta do
som dos pratos. “Cadê Pedro?”. “O que aconteceu com Pedro?”. Quando se
voltaram, viram Pedro com os pratos parados, um colado no outro. Aí
perguntaram: “O que é isso, Pedro!?”. Pedro com cara de dor, respondeu: “Mas
homem, abra minhas mãos aqui. É câimbra que eu não aguento!”.
Lá foi os colegas
acudirem Pedro, puxar os dedos um por um. Depois Antonio Linhares disse: “Olha
aí seu animal, eu não disse que você não aguentava! Vá sentar aí num canto!”.
Para fechar, houve outro
causo bem curioso, também em Juazeiro. Antonio Linhares pediu que Miguel
ajudasse Pedro (os dois mais velhos) a fazer o almoço, orientando: “Pegue esse
dinheiro, vá ali ao mercado comprar uns peixes e prepare pra turma”. Aí ele foi
e trouxe ‘cumatã’. Um espécime vistoso e com ótima aparência.
Pedro pegou os
curimatãs, passou uma água ligeira e colocou no fogo. Quando o pessoal foi
comer, estava mais salgado que água de mar. Não teve esse que conseguiu comer.
Era pior do que comer pedra de sal! Antonio Linhares espoletou-se: “Ohhh! Seu
animal! Não tá vendo que esses peixes tão salgados?”. Aí Pedro glosou: “Mas eu
gosto é assim!”.
*Luís Gomes RN – O melhor portal de notícias e informações da Serra do Senhor Bom Jesus.
*Luís Gomes RN – O melhor portal de notícias e informações da Serra do Senhor Bom Jesus.
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)